O chamado de Deus
O que é vocação? Trata-se do chamado de Deus para uma missão que envolve a vida inteira da pessoa.
Esse chamado reveste-se de múltiplas formas, porém, em todas elas, manifesta-se o amor particular de Deus pela pessoa chamada.
A vida monástica cisterciense é uma vida totalmente consagrada à busca de Deus, é uma vida comunitária na qual a comunhão fraterna é parte substanciosa de nossa vocação.
Todos os aspectos da vida cisterciense estão unidos, orientando-nos com força e harmonia para a única meta: a união com Cristo, pois a graça específica da vocação cisterciense só pode desenvolver-se na união amorosa de cada um com o Senhor Jesus.
São Bento convida a todos, sem distinção, a se recolher no silêncio do claustro, a fim de encontrar a si mesmo. Não se trata de uma fuga por medo de enfrentar as realidades que se apresentam à nossa frente. Ao contrário, seu convite supõe um retirar-se ao silêncio do coração, para cultivar um relacionamento mais profundo e sincero com Deus, que transbordará em gestos de caridade em relação ao próximo.
Nas palavras do Bem-aventurado Columba Marmion,
“a Ordem monástica, não tendo finalidade particular, procura antes de tudo a glória de Deus pela consagração total do monge a seu Criador por uma oblação absoluta e sem nenhuma condição, deixando à Providência a disposição absoluta de sua pessoa, sem querer impor a Deus nem plano nem condição nem estipulação” (Carta a Jeanne van Roosbroeck, de 8 de maio de 1918).
Segundo o capítulo 58 da Regra, o candidato à vida monástica deve ser provado para que se saiba se “procura verdadeiramente a Deus” (RB 58,7). O período de discernimento vocacional (antes de entrar no Mosteiro) pode durar cerca de um ano. Após ter seu ingresso aprovado, o candidato chega ao Mosteiro e inicia-se o período do postulantado – com duração aproximada de nove meses. Sendo aprovado, o postulante recebe o hábito dos noviços e, segundo a tradição monástica, um novo nome, escolhido pelo Abade. Tem início, então, o período chamado noviciado, que dura, pelo menos, dois anos. Nesses três anos (período abrangendo postulantado e noviciado), se dá a formação monástica mais intensa, que não se limita a aspectos intelectuais, mas é composta, em grande parte, por aulas ministradas dentro do próprio mosteiro. Caso seja aprovado pela comunidade, o noviço faz sua profissão temporária, dando início ao chamado período de provação (que pode durar de três a nove anos), ao fim do qual, mediante nova avaliação do Capítulo do Mosteiro, poderá ser admitido à profissão perpétua, recebendo enfim a consagração monacal.