Formação - Noviciado

 


O em que espírito se vive a Vida Monástica?

São, porém, os claustros do mosteiro e a estabilidade na comunidade a oficina onde executaremos diligentemente tudo isso.
Regra de São Bento - Cap. 4 - Quais são os instrumentos das boas obras?


A Espiritualidade Monástica e sua aplicação na vida cotidiana
 
O monge é aquele que busca ouvir a voz de Deus na solidão para depois comunicar esta mesma presença de Deus aos outros, é aquele que escuta a voz do Mestre, como diz a Regra de São Bento: "Escuta, filho, os preceitos do Mestre, e inclina o ouvido do teu coração; recebe de boa vontade e executa eficazmente o conselho de um bom pai, para que voltes, pelo labor da obediência, àquele de quem te afastaste pela desídia da desobediência" (RB Prólogo). Ser monge não é ser isolado em si mesmo, mas é buscar a solidão para comunicar –se com Deus e comunicar este encontro com Deus aos outros.

O isolamento exigido para a vida monástica não é algo abissal ou impossível ao imaginário, e sim um isolamento daquilo que não nos agregará no seguimento da Vida Consagrada, sejam as coisas supérfluas, até as conversas mais corriqueiras. É preciso então, antes de mais nada, silenciar-se para começar a trilhar o longínquo caminho do encontro com Deus.
 
Nesta medida, é preciso termos em mente quais seriam esses passos, segundo o que a Regra de São Bento nos orienta. São estes os seguintes:
    - É preciso, acima de tudo, amar a Deus sobre todas as coisas;
    - Amar a Deus através das boas obras, como orienta o Capítulo 4 da Santa Regra;
    - Aplicando também o silêncio nas coisas quotidianas, como no Capítulo 5;
    - Vivendo as dimensões dos votos que professamos, a Estabilidade, a Conversão dos Costumes e a Obediência, em conforme com o que lemos na Santa Regra.

Compreendendo melhor os Votos Monásticos


Faz parte do nosso intenso cotidiano como monges beneditinos compreender, através dos votos que professamos, a forma com a qual Deus molda a nossa vida, ou melhor, como nos deixamos moldar para a vida divina, e é através disso que nos aprofundaremos a compreender os votos professados por todos os monges beneditinos, A Estabilidade, a Conversão dos Costumes e a Obediência.

Num primeiro momento, podemos considerar que, cada uma dessas palavras, vertidas em ações diárias, são coisas muito distintas ou separadas, mas em sua essência, cada uma delas é codependente, e através destas dependências, uma leva a outra, e seguindo na mesma "estrada de progresso", alcança-se outros níveis da vida espiritual, conforme percebemos ao ler e refletir a Regra Beneditina.

A entender: Porque chamamos de Votos?

Essencialmente, a Profissão Religiosa consiste no ato de prometer, por determinado período ou por toda a vida, que se viverá de tal modo, segundo a maneira proposta pela Regra de Vida de sua comunidade, neste caso, naquilo que se propõe a Regra de Nosso Pai São Bento, assim, podemos compreender que há um comprometimento, e que ele precisa ser sincero e feito com total coração, para que possamos chegar ao bom termo de alcançar o que Cristo nos promete: "Quem quiser me seguir, tome a sua Cruz e me siga..."

Estabilidade: É apenas "morrer no mosteiro"?

A princípio, quando fala-se da estabilidade beneditina, o primeiro e mais próximo conceito a se explicar é que o monge permanecerá para sempre onde professou solenemente, e sim, isto se origina do fato que, na antiguidade, os monges decidiam por conta própria mudar-se de mosteiro, se houvesse alguma desavença estre os irmãos, ou até mesmo se o abade lhe ordenasse algo que não lhe fosse do agrado, e assim, exigindo que fosse estável, compreendemos que este conceito é apenas o início do que seria ser de fato, estável em um só local.

Assim, é mister compreender também que esta estabilidade encontra-se nas ações do dia a dia, do modo de rezar e comparecer as orações comunitárias, bem como a corresponder as necessidades da comunidade, através dos diversos ofícios que podem ser desempenhados ao longo da convivência no mosteiro, na receptividade dos que chegam para hospedar-se ou integrar a vida do mosteiro.

Obediência: É apenas "obedecer o que me mandam"?

A obediência surge desde a Sagrada Escritura, quando em diversos momentos, o homem obedece a Deus, desde Abrão que saiu de Ur dos Caldeus para Canaã, de Moisés que aceitou o chamado de libertar o povo de Deus do cativeiro do Egito, dos profetas em anunciar ao povo a Vontade de Deus, culminando no próprio Cristo, que se fez obediente ao Pai até a morte na Cruz, e como recompensa, nos garantiu também a vitória sobre a morte e o pecado.

Quando São Bento trata da obediência na Santa Regra, vê-se a essência do que significa a obediência, um completo abandono das próprias vontades para seguir o que é ordenado, por Deus, através do superior imediato - seja o Abade, o Prior ou aquele a quem o Senhor designou-lhe por superior -, expressando através e com essa obediência, o acatamento da Vontade Divina em nossas vidas, imperada também pelo que ouvimos de Deus na Sagrada Escritura - o decálogo e os conselhos dos profetas e apóstolos.

Conversão dos Costumes: É apenas "simplesmente mudar de vida"?

Quando São Bento trata da chamada Conversatio Morum, vai além de uma mera mudança de lugar, como quem muda de casa, de bairro ou de cidade, ele deseja resgatar a mudança radical e profunda que o sacramento do Batismo nos propõe, fazendo assim com que caminhemos "de volta" ao principio da caminhada na Igreja do Senhor, a mudança radical que nos leva a abraçar a vida em Deus e rejeitar a escuridão do pecado.

Assim, torna-se a vida do monge uma eterna "Quaresma", onde de pouco a pouco, é chamado a mudar cada aspecto de sua particularidade, a principio dos vícios e problemas que lhe afastam do Estado de Graça, e amparado nesta mesma graça, ir compreendendo o caminho de perfeição que se trilha dentro do mosteiro, mudando em seu coração os costumes "do mundo" para abraçar os costumes celestes.

E agora, o que virá depois do noviciado?


Após a passagem pelo noviciado, aquele que inicia na comunidade monástica, com a devida aprovação de seu superior, comprovada sua adesão firme ao propósito da Regra, dá-se então o passo adiante para a Primeira Profissão Monástica, onde o monge pela primeira vez promete os votos de obediência, estabilidade e conversão dos costumes, diante do Senhor Deus e dos monges da comunidade, iniciando assim sua experiência "integral" como monge, mas ainda por um período determinado, podendo variar entre 3 semanas a 1 mês, e passado o período, o monge pode pedir a renovação de seus votos, ou então solicitar a Profissão Solene, onde prometerá para sempre tudo aquilo que já começou a viver na sua profissão simples.

Além desta formação, o Noviciado Monástico conta com uma formação presencial a respeito da liturgia da Profissão Monástica Simples, onde entenderemos a importância desta ação litúrgica onde se aplicam os votos que aprendemos com esta formação.

Até lá, perseverança! Ut In Omnibus Glorificetur Deus!